Nos últimos anos, houve um aumento significativo em pesquisas científicas sobre o autismo em diversas áreas, visando a ampliação do conhecimento, tanto acerca da natureza do transtorno, como de possíveis estratégias de intervenção.
Segundo Green (2001), do ponto de vista da Análise do comportamento, o autismo é uma síndrome de déficits e excessos que podem ter uma base neurológica, mas que está, todavia, sujeita à mudança, a partir de interações construtivas, cuidadosamente organizadas com o ambiente físico e social. Isto significa que, mesmo comportamentos considerados inadequados, como os apresentados por indivíduos autistas, são modelados a partir do ambiente no qual o sujeito está inserido e são mantidos por suas consequências. Por entendermos que nenhum comportamento de dificuldade ou lentidão no processo de aprendizagem, a genética comanda sozinha – tem sempre algo ambiental que afeta – é nesse espaço que atuamos, modificando as contingências ambientais para favorecer a aquisição de muitas habilidades.
No autismo, temos um espectro variadíssimo de sinais que podem ser observados. O funcionamento atípico, deve estar presente antes dos três anos de idade, e as manifestações clínicas, variam amplamente em termos de níveis de gravidade.
É preciso observar problemas em três áreas mais amplas: comunicação; habilidades sociais e comportamentos restritos e repetitivos. Após discriminar os comportamentos a serem trabalhados, se planeja um programa de intervenção, que deve ser realizado de maneira intensiva, entre 30 e 40 horas semanais, a depender da necessidade do indivíduo, por um período mínimo de dois a três anos, também dependendo do caso. As estratégias utilizadas na Análise do Comportamento Aplicada – ABA, não são baseadas em práticas aversivas para reduzir comportamentos indesejáveis, elas se sustentam em técnicas de reforçamento positivo, que motivam e aumentam a probabilidade de comportamentos desejáveis e adequados ocorrerem novamente.
A busca é por procedimentos de intervenções que sejam eficazes, socialmente relevantes e economicamente viáveis. Isto é fundamental para o aperfeiçoamento do atendimento aos indivíduos com TEA. Busca-se ensinar habilidades que possam promover autonomia e independência ao indivíduo.
O objetivo é desenvolver repertórios comportamentais referentes a habilidades sociais deficitárias, reduzir repertórios inadequados presentes no comportamento da pessoa autista.
Para que o ensino de novas habilidades seja efetivo, o analista do comportamento terá que estudar minuciosamente os procedimentos de ensino propostos pela Análise do comportamento Aplicada, adaptando individualmente cada procedimento à cada sujeito.
O ensino de novas habilidades, tem como objetivo eliminar comportamentos indesejáveis. Para isso, é necessário discriminar os comportamentos a serem trabalhados pelo profissional, juntamente com a família, com base nas habilidades iniciais da criança, após a avaliação.
O envolvimento dos pais, de todas as pessoas que participam da vida do autista, é fundamental durante todo o processo.
Valdenice Guimarães – Psicóloga Comportamental