Comportamento de mentir

Em todas as culturas, há registros da presença do comportamento de mentir.

No período primitivo, uma tribo induzia o inimigo a acreditar em algo falso e atacava de outra maneira, surpreendendo, na tentativa de aniquilar a tribo inimiga. Essa estratégia é muito utilizada no período de guerra entre países, auxiliando no sucesso do ataque.

Mentir, é um comportamento complexo e envolve fatores genéticos e ambientais.

Geneticamente falando, os estudos mostram que é necessário o desenvolvimento de um cérebro saudável.

Portanto, o indivíduo que mente precisa ser muito habilidoso, pois é preciso enganar o outro sem ser descoberto com facilidade. Isso é resultado de astúcia e inteligência.

No comportamento de mentir, duas áreas cerebrais são ativadas. São elas: Córtex frontal, responsável pelo bloqueio do discurso verdadeiro e pela formulação da narrativa falsa; e Córtex cingulado anterior, responsável pela organização de informações falsas, porém ditas como verdadeiras. Não basta mentir, é preciso convencer o outro a acreditar na mentira.

Quando falamos em mentira, é comum que a primeira coisa em que pensamos sejam afirmações falsas e/ou omissões.

Como começamos a mentir?

Muitas vezes, a pessoa está inserida em um ambiente, onde existem modelos de mentirosos bem-sucedidos.

Porque as pessoas mentem?

Em muitos casos, a mentira representa uma alternativa econômica para se ter acesso a estímulos reforçadores e para retirar estímulos aversivos.

Por exemplo, crianças, mente em relação às notas no seu boletim para evitar a bronca e uma possível punição dos pais.

Ao mentirem e conseguirem se livrar dos aversivos, impostos pelos pais, ocorre uma sensação de vitória e prazer, devido à presença do neurotransmissor dopamina, responsável pelo bem-estar no organismo. Se o sujeito continuar tendo ganhos com a mentira emitida, esse comportamento tende a se tornar um padrão comportamental, dependendo da frequência desse comportamento. Geralmente, o ambiente familiar reforça, por isso o comportamento se mantém. A manutenção desse comportamento, trará enormes prejuízos ao sujeito, pois a tendência é ele utilizar essa forma de agir com uma constância maior e não aprende outras habilidades a não ser a mentira.

Os mentirosos não costumam admitir. Ninguém quer ser chamado de mentiroso ou trapaceiro, porque esses adjetivos sinalizam para a comunidade que a pessoa é pouco honesta e confiável.

Mentir e falar a verdade, são comportamentos resultantes de um processo de reforçamento ambiental e não uma característica inerente ao sujeito. Portanto, pais e cuidadores precisam ser modelos de comportamentos coerentes e consistentes entre o discurso e a ação para as crianças aprenderem uma variabilidade de estratégias e não apenas a mentira.

 

Valdenice Guimarães – Analista de Comportamento

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